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ESPECIALISTA RESPONDE ENTREVISTA COM O DR. TUFI SALIM JORGE FILHO

13/06/2020

ESPECIALISTA RESPONDE

A partir dessa semana, a Grande Loja Maçônica do Amazonas (GLOMAM) dá início a uma série de reportagens especiais com Irmãos Especialistas em áreas emblemáticas para o enfrentamento da nova realidade econômica, e, especialmente de saúde, que se apresenta no mundo atual, em particular em Manaus, que teve um grande número de casos.

Neste mês de junho, Manaus deu início ao processo de abertura do comércio e afrouxamento das medidas de isolamento da população, para comentar um pouco sobre o tema, entrevistamos o Eminente Grão-Mestre Adjunto da GLOMAM Tufi Salim Jorge Filho, que é médico, formado pela Universidade Federal do Amazonas há 31 anos e que esteve atuando no enfrentamento aos casos de Covid-19 em Manaus nos últimos meses. O entrevistado traz algumas respostas às perguntas que norteiam a realidade de muitos irmãos, no enfrentamento ao Coronavírus, neste momento. Confira!

GLOMAM: Por que o Coronavírus tem sido tão agressivo no Brasil, e, em especial, em cidades como Manaus? O que tem contribuído para o aumento de casos?

O Coronavírus é um Vírus novo para a comunidade médica, em geral. Trata-se de um Vírus novo, extremamente agressivo, letal, ocasionando, em média, entre 5 a 6% de mortalidade nas pessoas que são infectadas, e, aqui no Amazonas, tem se mostrado muito mais agressivo por conta das condições de saneamento básico, invasões, entre outros vários fatores, principalmente nas periferias.

No interior do Estado do Amazonas é fácil perceber que a situação fica muito prejudicada, por conta da logística, transporte difícil e demora para chegar à capital. Para complicar ainda mais, o transporte aéreo é muito caro, gerando uma série maior de inconvenientes. O interior não tem UTI, há falta de saneamento básico, que também é um problema para a capital, contribuindo para o caos; e isso não é privilégio da nossa região, já que é a realidade existente em nível de Brasil, pode-se dizer. Entre outros fatores, é possível destacar a falta de médicos especializados, intensivistas, infectologistas, quantidade insuficiente de leitos ambulatoriais, embora, atualmente, essa realidade esteja sendo modificada de forma gradual. Com relação às UTIs, que devem contar com respiradores e outros equipamentos necessários ao bom funcionamento, além da mão de obra especializada para trabalhar com os pacientes graves, está claro que vivemos a mesma situação do resto do mundo, ou seja, precisamos das mesmas coisas que a maioria dos outros países precisam, com a diferença de que, na maioria das vezes, são países mais ricos que o nosso.

Com relação ao aumento dos casos, a população, na verdade, parece não ter muita noção do que está acontecendo, em minha visão. Alguns usam máscaras, outros não.

Também, um fator bem importante é que não há uma sintonia entre as três esferas dos poderes executivos: governo federal, estadual e municipal; eles trabalham, mas trabalham cada um fazendo o seu papel, isoladamente, e isso é ruim. Esses problemas políticos afetam. A politização da doença não foi uma boa, em minha visão. Cada um tratando da forma que acha que deve; porém, pelo menos está se fazendo alguma coisa. Poderia estar se fazendo muito mais, mas é o que nós temos, no momento.

Também acho interessante que a iniciativa privada está ajudando, em todos os Estados e municípios. A gente tem visto, na mídia, que muitas empresas privadas estão ajudando, comprando equipamentos, dando apoio financeiro, logístico e de EPIs, e isso é muito importante.

GLOMAM: Quais são as medidas que o Irmão idoso deve ter para o enfrentamento da doença?

Fazer uma alimentação adequada, à base de frutas e verduras; manter o uso de álcool em gel, lavar as mãos sempre; evitar aglomerações. Se for diabético, obeso e hipertenso, controlar os alimentos. Usar seus remédios, adequadamente, para hipertensão, Diabetes. Se tiver alguma doença autoimune, que baixe a imunidade, cuidar dela direitinho; usar todos os medicamentos prescritos pelos médicos, para que a imunidade se mantenha sob controle; evitar, ao máximo, sair de casa; só sair quando for extremamente necessário; e, a pessoa idosa, ela deve se distrair, ler um livro, fazer algum estudo, ver televisão, evitar programas que falam sobre o Coronavírus toda hora, salvo aqueles que são mais informativos, que não plantam terror; fazer uma atividade física que você goste, ou, pelo menos, uma caminhada de 20 ou 30 minutos... uma hora, no máximo. Isso é importante para diminuir o risco de depressão, e também para melhorar o astral, até porque o estresse diminui a imunidade.

 

GLOMAM:  Existe alguma terapia medicamentosa, ou tipo de alimentação, que aumente a imunidade dos Irmãos mais idosos e que ajude a fortalecer as defesas do organismo?

Existem alguns medicamentos que aumentam a imunidade, alguns estimulantes do sistema imunológico, mas não há nenhuma evidência de que são 100%; mas, o mais importante é se alimentar bem, fazer exercícios. E se alimentar bem não é comer muito. Tem que comer mais frutas, verduras; aqueles itens que todos nós conhecemos como boa alimentação; evitar excesso de massas e outras formas de carboidratos simples. Evitar bebida alcoólica também é muito importante. Se for beber alguma coisa alcoólica, beber com moderação, sem exagero, mas o ideal é não beber nada alcoólico. Evitar fumar! Deve-se considerar que o exercício físico, a boa alimentação e não fumar, além do controle das comorbidades, ajudam muito, pois, se você pegar a infecção do Coronavírus, o desfecho, geralmente, será menos agressivo do que aqueles que não cumprem essa orientação.

 

GLOMAM: Quais os sinais de alerta e que devem ser considerados para que o Irmão procure um hospital?

Febre alta; tosse de moderada a intensa; febre intermitente; prostração, ou seja, a moleza no corpo; falta de ar...  Em primeiro lugar, a pessoa tem que procurar uma UBS, onde o médico deverá pedir o teste rápido, ou deverá orientar para ficar em casa tomando algum medicamento (dependendo da gravidade), e vai fazer os encaminhamentos: ou para fazer o tratamento domiciliar, ou para um hospital de campanha, ou para uma enfermaria no hospital, ou para uma UTI (se for o caso), se ele achar que o paciente deve ser internado.

GLOMAM: Pela ótica médica, esse afrouxamento das medidas de isolamento, nesse momento, é recomendado? Qual sua opinião sobre isso?

Se todos os cuidados foram seguidos, ou seja, uso de álcool em gel, máscara, distanciamento social, confinamento em casa e hábitos de higiene adequados, e se mantiverem, poderemos ter menos casos. Porém, com a abertura de lojas, shoppings, escolas e demais atividades, fatalmente irá aumentar o número de casos e, consequentemente, de óbitos. Quanto mais casos, mais óbitos. No entanto, a economia não pode parar. Infelizmente, as pessoas têm que sobreviver, não podem perder seus empregos; elas têm que ter seu dinheiro para pagar suas contas, mas, com cuidado. Voltar com critérios, com o máximo de cuidados. O que tiver de ser feito que for imprescindível, que é o trabalho, compras de produtos extremamente essenciais, entre outras necessidades, tem que fazer; porém, o que não for imprescindível, no momento, recomendo não fazer.

Outra coisa: evitar ir em lugares que tem aglomeração, que tem pessoas próximas; evitar ir em cinemas; se puder não ir em shopping é melhor, porque tem muita aglomeração de pessoas; evitar pegar nos lugares que as pessoas pegam muito, como maçanetas, por exemplo; evitar andar de ônibus, os que puderem; se andar de ônibus, andar em horários fora do pico, se for possível. Esse é o caminho, mas a economia tem que continuar. Não pode parar. 

GLOMAM:  Qual sua recomendação aos Maçons para enfrentamento da Pandemia?

Seguir, fielmente, hábitos de higiene, controlar suas doenças crônicas, como foi falado anteriormente: diabetes, hipertensão e demais patologias; fazer os exercícios, caminhadas ou qualquer tipo de exercícios que você goste, de acordo com a idade de cada Irmão, seja jovem ou idoso; fazer atividade moderada, de acordo com sua capacidade de suportar, sem excessos, até para evitar a depressão; fazer alguma coisa que você goste; fazer trabalhos manuais, artesanato; fazer tudo aquilo que você não conseguiu fazer enquanto estava na atividade plena; conversar mais com a família, com os filhos, com a esposa, com os amigos, mesmo que seja de forma virtual. Isso é importante... Manter viva a relação com as pessoas... Redobrar os cuidados.

Quando retomarmos às atividades em nossa Ordem, redobrar os cuidados com relação à limpeza, distanciamento social, lavar sempre as mãos e evitar, de todas as formas, qualquer tipo de aproximação, beijos no rosto, abraços... Evitar esse tipo de comportamento, pelo menos por algum tempo, até que tenhamos a vacina, ou algum tipo de medicamento 100% eficaz.

 

GLOMAM: Qual será o legado deixado pelo Coronavírus ao mundo?

Como legado dessa doença, vejo como coisas boas a aproximação entre a família, hábitos de higiene melhorados, novas terapias... A estrutura hospitalar aumentou em todo o Brasil, na verdade, em todo o mundo... Mais UTIs, mais respiradores, mais médicos... Os profissionais de saúde estão sendo mais vistos e mais valorizados... A natureza, com a diminuição da poluição, tanto sonora, quanto ambiental. Nós vimos uma grande melhoria na qualidade de vida, tanto dos animais quanto dos próprios seres humanos.

Também não podemos deixar de falar do trabalho que a nossa Grande Loja Maçônica do Amazonas, na pessoa do SGM Marcelo Barbosa Peixoto, do SGM Paulo, da COMAB, e do nosso Eminente Grão-Mestre Jurimar, do Grande Oriente do Amazonas, tem feito, por meio da criação de um grupo do Covid19, para trocar informações e dar apoio aos irmãos das três Potências. Então, esses três Irmãos, em conjunto, têm feito importantes ações de orientação aos irmãos. Estamos trocando informações entre o grão-mestrado da Grande Loja e as outras potências, e essa união tem sido bastante profícua para trocar informações científicas, e também ajudar alguns irmãos a conseguir medicamentos, internações e orientações. Também lembro com gratidão da ajuda do Past Eminente GM do GOB Armando e do Irmão Mozandi, ex-eminente GM do GOB, que fez sua passagem ao plano celestial, há pouco tempo.

Também exalto o trabalho das instituições paramaçônicas: Filhas de Jó, Demolays, Damas da Fraternidade, que têm promovido ações importantes para diminuir o sofrimento das Irmãs, das Cunhadas, dos Sobrinhos e das Sobrinhas. Essas ações vêm de encontro aos preceitos da nossa Ordem e devem ser exaltadas.

 

Biografia

Tufi Salim Jorge Filho é médico formado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), há 31 anos. Clínico geral concursado pela Prefeitura de Manaus. Médico gerontólogo no Centro de Atenção à Melhor Idade (CAIMI), do Governo do Estado. É especialista em Oftalmologia, pelo Conselho Nacional de Residência Médica. Especialista pela Universidade Gama Filho do Rio de Janeiro em Medicina do Trabalho e tem MBA em Gestão e Auditoria em Sistemas de Saúde.


Emitido em 20/04/2024 03:01