Atendimento (92) 3622-0034

SEGUNDA A SEXTA-FEIRA DAS 14:00 ÀS 18:00

Email para contato

[email protected]

Especialista Responde - René Levy Aguiar

29/09/2020

Com o agravamento dos casos de coronavírus no mundo todo, o cenário econômico dos países foi afetado. No Brasil, as medidas de isolamento social abalaram as atividades comerciais e, dentro desse quadro, o Estado do Amazonas, que passou por momentos críticos em virtude dos inúmeros casos da doença, sofre com as baixas de atividades turísticas e comerciais, cancelamento de grandes eventos, como o Festival de Parintins, e ainda com a falta de planejamento de subsistência para passar por momentos de profunda queda de arrecadação.

No âmbito de suas reservas naturais, o Estado possui um imenso potencial petrolífero e ainda de gás natural, sendo, atualmente o terceiro maior produtor de gás do país, responsável por 11% do volume total produzido, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Para entender melhor como ocorre o beneficiamento desse recurso natural dentro do Amazonas e de que forma essa atividade pode beneficiar economicamente o Estado, convidamos o diretor-presidente da Companhia de Gás do Amazonas (CIGÁS), Dr. René Levy Aguiar, para nos trazer esclarecimentos sobre o tema.

Quais são as vertentes de atuação da CIGÁS no Estado do Amazonas? Quais são as principais atividades capitaneadas pela Companhia?

A Cigás é responsável pela prestação do serviço público de distribuição do gás natural canalizado no Estado do Amazonas, onde atua em diferentes segmentos, desde o atendimento a usinas termelétricas, para geração de energia elétrica, presente também no Polo Industrial de Manaus, onde muitas fábricas são beneficiadas, até atendimento de postos de combustíveis, com o Gás Natural Veicular (GNV), comércios e residências, chegando a mais de 3,4 mil unidades consumidoras no estado.

Há alguns anos ocorreu um extenso trabalho de construção e instalação da rede de gás no Estado do Amazonas por meio da construção do Gasoduto Coari-Manaus. Atualmente, como ocorre o monitoramento da rede de gasoduto no Estado? É algo considerado seguro?

É importante informar que o gasoduto Coari-Manaus se trata de uma malha de transporte, gerenciada inicialmente pela empresa TAG (atualmente ENGIE). A responsabilidade da Cigás inicia-se após a entrega do gás natural em dois City Gates da capital, nas Usinas Termelétricas de Aparecida, zona sul, e Mauá, zona leste da cidade. A partir de então, a Companhia inicia os processos de odorização e distribuição do combustível.

Presente em 140 quilômetros das ruas de Manaus, a rede de distribuição de gás natural já atende mais de 3,4 mil unidades consumidoras no estado. E para garantir a segurança no fornecimento desse combustível, a Cigás monitora initerruptamente o sistema de gasodutos, 24 horas por dia, sete dias por semana.

Para realizar essa atividade, a distribuidora possui um Centro de Controle Operacional (CCO) com tecnologia de ponta. O CCO acompanha o comportamento da rede de distribuição quanto a diversas variáveis, tais como pressão, vazão e temperatura do gás. O sistema é composto ainda por câmeras em pontos estratégicos da rede e possui tecnologia para fechamento automático e remoto de válvulas em caso de um vazamento em grandes proporções.

Além da segurança das instalações de gás, destaca-se também a integração da Cigás com as outras concessionárias que prestam serviços, através de infraestrutura instalada nas vias da cidade de Manaus. Isso é possível graças ao Comitê de Obras Públicas Integradas (COPI), que mantém a comunicação permanente entre a Companhia, as concessionárias de outros serviços e a Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados e Contratados do Amazonas (Arsepam), coordenadora do COPI.

De que forma a população pode se beneficiar das atividades da Cigás? É um recurso que já é acessível ao contribuinte comum ou somente empresas e indústrias têm acesso?

O gás natural é uma realidade em Manaus desde o início das operações comerciais da Cigás, em 2010. Na ordem, a Companhia atendeu primeiro aos maiores consumidores, de forma a garantir a modicidade tarifária e viabilizar uma estrutura inicial de atendimento. Partindo das usinas termelétricas, a Cigás construiu mais de 40 quilômetros de rede na região do Distrito Industrial, a partir de 2012, estabelecendo estrutura de gasodutos nas principais vias da área.

Em seguida, foram concentrados esforços para atendimento aos postos com Gás Natural Veicular (GNV). Em 2015 e 2019, a Cigás promoveu campanhas de incentivo com bônus de R$ 1 mil e R$ 4 mil aos motoristas que adaptaram o veículo ao kit GNV, fomentando assim o mercado na região, no único estado do Norte com essa econômica alternativa de combustível.

A partir de 2017, a Cigás ampliou seu atendimento, onde iniciou a construção de gasodutos em regiões de alta densidade comercial e residencial coletiva, como no Conjunto Vieiralves e bairro Adrianópolis.

No âmbito econômico, qual o percentual das empresas do Distrito Industrial que fazem uso do gás natural em suas atividades? De que forma a Cigás pode captar novas indústrias para a Matriz Energética do Amazonas?

O gás natural chegou a um total de 56 indústrias atendidas pela rede de distribuição de gás natural no Amazonas. Conforme a quarta edição deste ano do Boletim de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural, a Companhia apresentou a segunda menor tarifa do país no segmento industrial. Para as indústrias do PIM que utilizam o gás natural em diferentes processos, como geração de vapor, aquecimento, secagem e outros, a economia pode atingir 45%, quando comparado com o combustível anteriormente utilizado por essas empresas.

Entre as 183 empresas no cadastro da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) com potencial de consumo de gás natural, 30% já foram atendidas pela Cigás. Estas, no entanto, são responsáveis por 74% de todo o volume médio diário demandado no segmento, segundo levantamento da Companhia.

A matriz industrial do Amazonas é composta por empresas que consomem relativamente pouco volume de gás natural em comparação com perfil industrial de outros estados. Não há, em nossa região, indústrias que demandam uma grande quantidade de energia térmica, como petroquímicas, siderúrgicas, segmento têxtil, vidreira, dentre outras.

Por isso, a Cigás, através de orientação do Governo do Estado, está em processo de contratação de uma consultoria com objetivo de mapear e prospectar para o Amazonas novas indústrias com potencial de consumo de gás.

O senhor considera que a população tenha um bom conhecimento sobre as áreas de atuação da Cigás no Estado? Que estratégias a Companhia tem adotado para demonstrar ao consumidor como ele pode se beneficiar do uso do Gás Natural?

A Cigás está prestes a completar dez anos de operação comercial e mesmo nesse curto período de existência construiu 140 quilômetros de rede de distribuição, contribui para que o gás se consolidasse como matriz energética para geração de energia elétrica e industrial, promoveu duas grandes campanhas de incentivo ao GNV e segue firme no plano de ampliação da rede em bairros com alta densidade comercial e residencial.

A medida que o gás chega às ruas, ele passa a ficar mais evidente a toda população, que já usufrui direta e indiretamente desses benefícios. A Companhia projeta um investimento de R$ 182 milhões até 2024 para dobrar o alcance da rede existente, de forma que mais empresas e consumidores individuais possam ter acesso aos benefícios desse insumo.

A Cigás visa atender um total de 17 mil unidades consumidoras até 2024, com responsabilidade ambiental, campanhas de incentivo e estudos para ampliação do consumo na nossa região.

Biografia:

René Levy Aguiar é graduado em Tecnologia de Topografia e Estradas, pelo Instituto de Tecnologia da Amazônia (1983), em Geologia, pela Universidade Federal do Amazonas (1984), e em Direito, pela Universidade Nilton Lins (2014). Concluiu o Mestrado em Geotecnia, pela Universidade de São Paulo (1989), e o Doutorado em Engenharia Civil, pela Universidade de São Paulo (1997), ambos os cursos realizados na Escola de Engenharia de São Carlos. É Professor Titular da Universidade do Estado do Amazonas, Analista Ambiental do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas e Consultor nas áreas Ambiental e de Planejamento Territorial. Dentre os principais cargos de direção superior, destacam-se o de Secretário de Estado da Região Metropolitana de Manaus e Diretor-Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas. Tem atuado, principalmente, com temas relacionados à gestão ambiental, cartografia geotécnica, geoprocessamento e planejamento territorial (urbano e regional) e, atualmente, é Diretor-Presidente da Companhia de Gás do Amazonas.


Emitido em 26/04/2024 01:33